domingo, 28 de novembro de 2010

Não esperes




Não esperes encontrar
Magras ilusões de cão
Quantas penas de falcão
Te hão-de sempre abalar

Não esperes que se rendam
sublimes manchas de infância
Correrás para que te prendam
Tais manchas de inconstância

Se por fim esperas perfilar
aspirações que há no ser
Procuras então reacender
O que não vais encontrar.

P.A.

sábado, 27 de novembro de 2010

A chuva a quem pertençe?




A chuva a quem pertençe?
No lugar da chuva ausente
Outra coisa há que vence
pela janela de quem sente

Não há árvores nem sombras
mas nada não pode haver
Mesmo espectros de ondas
ardem nos olhos de ser

O vento mais estranho
parece resumir a vida
Na origem e tamanho
Como a criança intuida

E se a vida é um estado precário
que insiste numa grande trama
esqueçamos esse preçário
E brindemos a quem nos chama

Tudo pertença a ninguém
Na consumação ancestral
E arrefecida que retém
Um espanto de cristal.


P.A.
 

sábado, 6 de novembro de 2010

Tudo em nós começa



Tudo em nós começa
momentos por descrever
que o espírito atravessa
para depois reter

Começo não revelado
motivo apreendido
pela lente captado
no momento renascido

lembrança dos dias vividos
a única que nos confessa
reflexos desconhecidos
tudo em nós começa


P.A.