terça-feira, 24 de abril de 2012

"Intouchables" - "Amigos improváveis"





Sobre o filme digo o seguinte: Todos diferentes mas todos iguais na cidade incontornável, que é o espelho das relações de poder, afecto e sedução, oriundas de dois mundos, ou de outros mais que esses contêm, o dos guetos e o dos palacetes luxuosos. A descoberta dos dois mundos que se confrontam sem reservas, assumidos numa crueza e fidelidade próprias. Dois mundos onde a coragem e o receio se cruzam para se justificarem, a timidez e a ousadia se escutam e saboreiam pelo riso, o requinte intelectual, adornado e infecundo, e a razão mordaz da sobrevivência, tão real quanto esquecida, passeiam-se pela nudez das ruas de Paris. Dois mundos onde a limitação do corpo nos dá a conhecer a fuga para outros espaços de acção e prazer, e a sua irreverência e robustez se vão amansando numa revelação surpreendente de sentimentos. Todos diferentes e todos iguais quando a autenticidade do ser é a única maneira de sermos com os outros.


P.A.

domingo, 15 de abril de 2012

Rumos do Sol



Será a perfeição uma luz cheia e eterna
De que não se fazem juízos e apreciações
Onde vida e morte se despojam
Que tal força distinta ilumina?
Não sei e a possibilidade
De o não ser
Consola-me…



P.A.

sábado, 7 de abril de 2012

Alvorada





Abrir os olhos numa perfeição eterna
ao começo da luz e amena superfície
que se viverá pelo ondear dos sentidos...


P.A.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Neptuno



Pelas mãos de Neptuno foi encontrado
E com honras de fogo na terra recebido
Chegou numa câmara lapidada repousado
À primeira praia do amor prometido

Rompeu as arestas provisórias e devagar saiu
A cambalear pela embriaguez da memória
Entre mastros e ondas e corações que não viu
Embriagado nesta praia provisória

A fúria de Neptuno dele se esqueceu
As chamas mundanas foram ilusórias
Perdeu tudo o que o mar prometeu
E os destroços de sua câmara
Andam em ondas irrisórias.


P.A.

domingo, 1 de abril de 2012

Que preguiça II...



O sono diurno do mar sem compromisso
o dia passa inteiro como um cão submisso
o sol é antigo e a minha visão fugaz
regresso só às sombras da paz
ataraxia espírito embrionário
adiável na sombra estacionário
sou a verdade por mim celebrada
entre a luz e mar recordo nada
para além da sombra da minha retenção
corpo prostrado sem perturbação


P.A.