As veias dilaceradas, a boca seca e desapontada,
O silêncio das crateras oculares, o espelho do infinitoSem retorno, ciente num corpo sem descanso e abalado
Pelas imprecisões da existência implacável.
As mãos entrelaçadas numa angustia incandescente,
Vibrante, apunhalada ao encontro do tempo imprudente,
Construído na ironia de contrários, a apelar à totalidade
Das coisas subjugadas ao equilíbrio da morte.
A cabeça vazia pensando espaços etéreos,
Ideias improváveis seladas em círculos obrigatórios,
Magma cerebral a escorrer pela opacidade da matéria
Até às entranhas efusivas da criação.
Sobeja a seiva de um poema sobre a morte,
Amostra de veias dilaceradas, o pulsar do fim,
Amalgama de partículas fieis a uma existência
Ancorada ao fluido de outra passagem temporal,
Ao clamor do universo e um pingo de sangue corrido.
Resta-me fumar o incontornável labirinto da vida,
Esfumar as indefinições da vida num cigarro isolado,
Regressar ao conforto suspenso de um acto sem fundo,
Virar-me em tragos ardentes e roçar a garganta
Até sentir o halo do corpo contra a suposição do tempo.
Não quero, vou aguentar, vou resistir, lutar sozinho
Com a condição única e falível que me obriga a interceptar
O mundo, expondo-me a uma viagem sem regresso na vertigem
Do fumo que se espalha pelo peito aberto das circunstâncias,
Que me levará à dissolução inevitável em partículas nascentes,
Que me levará àquilo que sou, àquilo que não verei
P.A.
1 comentário:
" (...) flores vermelhas a brotar e a encher o mar
uma explosão potente da natureza no seu mais belo expoente,
o amor, o amor ardente, puro, capaz de mover montanhas
e de criar mares imensos, como o nosso...(...)"
1 bj
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