Teu, só teu, o mapa do corpo, centrado em ti, no presente, presente branco filtrado pela respiração pausada, virada para dentro. O resto afasta-nos do interior, a vida efervescente assemelha-se a uma terra de ninguém que neutraliza o regresso constante ao pulsar único de nós. Pára, restabelece o contacto contigo, a solidão reflexiva é o alimento para harmonizar as funções internas do corpo, é a pausa inerte entre inspiração e expiração, auscultação das sendas do corpo tornada consciente. Teu, só teu, o mapa do corpo, retomar o fluxo energético como um grande sentimento de compaixão que se apropria suavemente das coisas. Já não é o silêncio, é uma potencia existencial que valida o caos organizado, sustentável leveza do ser expiado na pele como um pré-aviso vital, anúncio que salva o erro desgovernado da vida, e nos devolve à essência de se estar a viver em simultâneo com a natureza dos sentidos. Uma serra e um lago a nascerem na base do olhar, o céu a esvair-se no silêncio audível, a terra áspera a moer-se no paladar, o ar a elevar-se na gratidão do tacto, o resto de tudo a presentear-se pelo recato do cheiro, só teu, contigo, comigo.
P.A.