sábado, 31 de agosto de 2013

De um tempo





São pedaços de um tempo qualquer,
Lembranças mortas que foram vivas
Intenções, desfeitas no rosto indistinto
Que no esquecimento de outro mar vier,
Visões minhas de um tempo reposto.

São destroços de um mar prudente,
Desejos interrompidos que foram
Ondas ardentes, desfeitos no corpo
Futuro que seguirá indiferente,
Certeza minha de um tempo morto.

São despojos de um espírito eterno
A esperança única do olhar escondido,
Que de longe assiste a este inferno,
Morte esta de um tempo aludido.



P.A.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Uma porta







Uma porta sempre nos transporta
Nas palavras que não se dizem
Pela imaginação do real...



P.A.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Nunca se sabe...







Nunca se sabe e nunca se esquece
Este lado que não sabe do outro lado,
Que não vê o que esconde ou aparece
Como segredo que não pode ser falado…

A rotina que não sabe da outra rotina,
Seguem regras e deveres de costas voltadas
Segundo a verdade que ditou a sina,
Por entre vergonhas e desconfianças veladas.

Nunca se sabe e nunca se esquece
A religião que se resguarda do olhar,
Que não vê o que esconde ou aparece
Como o amor que falta encontrar…



P.A.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Outra madrugada





Outra madrugada mais clara
Entre o espelho do nada e a luz
Desperta, ainda algo incerta
Como aquele mar que seduz,
Mesmo antes dos nomes e coisas
Que nunca chegam a explicar
Por dúvida minha e deste lugar,
A aprofundar-se no sentimento
Da madrugada a confidenciar
A razão de viver este momento.



P.A.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Outro nada






Madrugada sem nada como o espelho
A que me assisto também sem nada,
Antes das palavras e dos gestos que
Que não chegam a ser o que são por
Indefinição minha e de tudo o resto,
Antes mesmo de qualquer luz entre
O nada e outra coisa que se produz
À superfície dos sentidos, e se perde
Sem lugar no espelho do nada,
Como a madrugada desta condição
De estar a olhar-me sem razão.


P.A.