Sinto a morte como
Um desvio Solene
Entre palavras gastas
E uma visão perene,
Um discurso tolo
Sem função que
A todos os seres
Se prega o vazio
Superior da razão,
Entre a lei e o caos,
Bons e maus,
Porque antes de
Morrer algo é
Preciso dizer…
P.A.
Sou nada perante tudo
E um coração encaixado
Num corpo perdido,
Uma voz silenciada
Pelo ruído da missão
Oculta, onde percorro
A vida de ínfimas
Interrogações sem resposta,
Que suportam o desejo
Único de continuar a ser
Tudo aquilo que sou
Perante nada...
P.A.
Já é tarde como a solidão e tudo se vai apagando
Em redor, perdendo chama, quebrando forma,
Abandonando o fundamento em que se torna,
Para preparar as cinzas do novo esquecimento.
Vejo-me ao fim da tarde a olhar o soberbo da vida
Encostada à ombreira de todos os sonhos descurados,
Revendo as últimas anotações antes da partida,
Numa visão repetida sobre os caminhos vendados.
Chegou a hora do cavar lento das causas invertidas,
Que pelos tons breves do entardecer fará o acolhimento
Até ao interior consumidor das forças desinvestidas,
Na viagem desmaterializada ao infinito desconhecimento.
P.A.