Vive a vida. Vive-a na rua
E no silencia da tua biblioteca.
Vive-a com os outros, que são as únicas
pistas que tens para conhecer-te.
Vive a vida nesses bairros pobres
feitos para a droga ou o desespero
e nos tristes palácios dos ricos.
Vive a vida com as suas alegrias
incompreensíveis, com as suas decepções
(quase sempre excessivas) com a sua vertigem.
Vive-a em madrugadas infelizes
ou em manhãs gloriosas, a cavalo
por cidades em ruínas ou por selvas
contaminadas ou por paraísos, sem olhar para trás. Vive a vida.
Luís Alberto de Cuenca “Por Fuertes e Fronteras”
Não há esta ou aquela via por onde o bem ilumina e o mal transvia. Há a existência que é um estado latente de possibilidades direccionáveis, um futuro rasgado e excedente que se acumula invisível pela presença. Há a via única da evidência por onde nos cruzamos sob formas e razões impressas, que crescem em bafejos cúmplices e apelos da espécie. A via única para viver em todos os seus caminhos válidos e eloquentes, viver em tudo o que a vida não nega. Estarmos presentes pelo espanto de quem sente as formas belas e absurdas das árvores que acompanham a vertente em síncopes vistosas e mudas, pelo vinho que vai sendo derramado na via trespassada de sentimento onde existir é estar embriagado e os turvos enganos esquecimento. Presentes na coragem, no medo, no prazer, na dor, de corpo aberto absorvente, de longo olhar fixo de desejos fechados e impossíveis de não presença. Vale por isso ser poeta que em tudo se completa, sonhando o mundo nas telas que não se conhece e que nelas se reconhece entre vidas no cortejo, dormir sem um beijo.
P.A.
E no silencia da tua biblioteca.
Vive-a com os outros, que são as únicas
pistas que tens para conhecer-te.
Vive a vida nesses bairros pobres
feitos para a droga ou o desespero
e nos tristes palácios dos ricos.
Vive a vida com as suas alegrias
incompreensíveis, com as suas decepções
(quase sempre excessivas) com a sua vertigem.
Vive-a em madrugadas infelizes
ou em manhãs gloriosas, a cavalo
por cidades em ruínas ou por selvas
contaminadas ou por paraísos, sem olhar para trás. Vive a vida.
Luís Alberto de Cuenca “Por Fuertes e Fronteras”
Não há esta ou aquela via por onde o bem ilumina e o mal transvia. Há a existência que é um estado latente de possibilidades direccionáveis, um futuro rasgado e excedente que se acumula invisível pela presença. Há a via única da evidência por onde nos cruzamos sob formas e razões impressas, que crescem em bafejos cúmplices e apelos da espécie. A via única para viver em todos os seus caminhos válidos e eloquentes, viver em tudo o que a vida não nega. Estarmos presentes pelo espanto de quem sente as formas belas e absurdas das árvores que acompanham a vertente em síncopes vistosas e mudas, pelo vinho que vai sendo derramado na via trespassada de sentimento onde existir é estar embriagado e os turvos enganos esquecimento. Presentes na coragem, no medo, no prazer, na dor, de corpo aberto absorvente, de longo olhar fixo de desejos fechados e impossíveis de não presença. Vale por isso ser poeta que em tudo se completa, sonhando o mundo nas telas que não se conhece e que nelas se reconhece entre vidas no cortejo, dormir sem um beijo.
P.A.
2 comentários:
Vi, li e gostei muito.
JM
A vida é tudo isso q descreves no teu estilo único e já inconfundivel! Acordamos e deparamo-nos logo com o bater do nosso próprio coração ora calmo, ora já descompassado pelas incertezas do q o a seguir trará.Vale então de facto seres Poeta, pq é ele (o poeta, claro)q vê para além do pôr-do-sol, q ouve para além da música, q ama para além do impossivel e que, por isso mesmo, sofre para além do razoável!
...Ainda o pior de tudo, ao fim e ao cabo, é dormir sem um beijo...
Gostei imenso de tudo o q escreveste e tb adorei a foto, é irreal, como às vezes a própria vida!
1 beijo e continua a escrever
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