sábado, 24 de novembro de 2012
Bateram à porta
Mãe, bateram à porta,
É o começo ou um entrave,Alguém que ainda não sabe
Que a minha vida está morta
Podes deixar entrar,
Ficarei entre o silêncio
Da mesa e roupa por dobrar,
Tu terás com certeza
Alguém com quem falar
No fim não te rales
Com lágrimas inúteis,
Bem sabes quantos males
Ocupam os dias fúteis
Mãe, podes fechar a porta,
A conversa não tem sentido,
Sabes que aquilo que me importa
É a dor de não ter vivido…
P.A.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Assim mesmo
És tão real e inteira que
A tua presença coexiste
No inicio de todas as coisas,
E também no fim que é o mesmo
Fundamento existente,
Sempre latente, assistindo
Discretamente à criação,
Que por qualquer razão
És tu própria…
P.A.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Sobre quem passa
Brisa de cheiros e sabores
É a memória de quem passaE não procura outra coisa
Além do vazio de uma praça
A inspiração cansa-se no excesso
Dos prazeres imponderáveis
Dissimulados no tempo breve
E pressentimento que trespassa
A sedução indelével
De quem não passou
Mas ficou no vazio
E certeza da praça
P.A.
sábado, 17 de novembro de 2012
Não existe
O amor não existe como o pensamos
Nem como o sentimos quando pensamos Que é amor
Só existe como uma ausência presente
Que se une por fora e por dentro
Sem começo ou ligação
O amor não existe como o conhecemos
Nem como o exageramos quando pensamos
Que é amor
Só existe como mágoas pisadas, ilusões resistentes,
Frases mudas que se entrelaçam na condição
Aparente e adiada de tudo
O amor não existe como se ama
Nem como o encontramos quando pensamos
Que é amor
É uma intenção que se move parada
Como a fadiga das ondas que nascem
Do mar consolado para morrerem
No início de outras, movimento
perpétuo que se precipita e desvanece
Na espuma de prazer
O amor que escrevi não existe
Mas persiste dos dois lados da porta
Suspensa, como a falta de palavras
Que ocupa o seu espaço
Reservado a ser.
P.A.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Eternidade II
É no silêncio dos gestos e dos olhares que se revela a profundidade das intenções, dos desejos, dos sonhos, dos compromissos…
P.A.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Eternidade
Gosto de ti como o cerne das coisas,
Ao rubro, a arderem de verdade Como os olhos que cegam de amor e vontade,
Num corpo gladiado se sentidos e prazeres,
Expelido pelo suspiro derradeiro que é a eternidade.
Gosto de ti e nem sei como, quanto e onde.
Como uma esperança permanente sobre aquilo
Que o corpo toca e transforma para além de tudo,
Uma força convicta de que não dependes de nada
Para que se cumpra o destino selado no teu peito,
Que tudo guarda sem prender.
Gosto de ti na imperfeição do tempo e desilusão dos dias,
Porque assim se justifica a intenção de ser,
De percorrer um caminho,
De escolher um lugar,
De alguém encontrar.
P.A.
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