A minha natureza é mar cinzento,
Utopia de sonhos e cor turquesa,
Estado enfermo, descontentamento,
Contradição, permanente incerteza.
É um pulsar de motivos sem fim,
Um lugar de ideias que não existe
E que se revolta contra mim
Numa longa angústia que resiste.
É uma inconstância que sempre anoitece
Enquanto acompanha os reflexos de luz,
Uma felicidade que nunca acontece
Como o amor que não se introduz.
É uma pancada mortal e ofuscante
Que se sofre sem querer
Na simples razão de viver
Esta banal condição errante.
É uma melancolia enternecedora
E própria do fim dos tempos,
A morte cega e esmagadora
Que expele todos os sentimentos.
A minha natureza é mar cinzento
Voo nocturno, mergulho solitário,
Não é uma arte nem um dom,
É um trilho contado em outro tom,
Que resume o poema necessário.
P.A.
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