Uma passagem trémula e fingida
Que chega a ser uma pequena verdade
Até se perder na paixão repetida.
O amor é uma fantasia atordoada,
Desconcertante, que falha no tempo
De Outono como a luz desviada,
E perde a viva cor pela voz do vento.
O amor é a contemplação da morte,
O impossível dos vivos e esperançados,
Um estado precário de vidro e corte
Que se esvai em corações abandonados.
O amor é a coroação dos infiéis e enganados,
O topázio que não se hesita em quebrar ao meio
Enquanto se vem a saber que já não são amados,
Porque de promessas têm eles o frigorífico cheio…
P.A.