domingo, 11 de setembro de 2016

O que sou





Quem quiser saber onde estou
não procure no meio da sala,
sou uma breve lembrança que recuou
perante a inevitabilidade da vida,
deverá por isso procurar noutra ala
um corpo dividido na porta de saída.

Quem quiser saber o que penso
não espere outras explicações
para além do espanto imenso
no silêncio de meras recordações
sobre um tempo raro e desfeito,
desde que a vida começou a contar
e passou a arder-me no peito,
sentindo o que penso sem falar.

Quem quiser saber para onde vou
não me siga por qualquer razão,
toda a minha existência se atrasou
perante a incompreensão do mundo,
será sempre acompanhar-me em vão
e não regressar desse estado profundo. 


P.A.

1 comentário:

Rute disse...

Paulo Sérgio

Gostei muito do teu texto/poema. Saberia identificar a sua autoria de olhos fechados! é preciso procurar-te longe do tumulto e da azáfama rotineira de cada dia...sem dúvida alguma, o teu espaço e o teu tempo são outros. O poema retrata muito bem essa sensação de fuga, no sentido oposto ao da multidão.

1 beijo