terça-feira, 14 de maio de 2013

Resistir




Sou apenas a certeza de um corpo
Que resiste a um nome e morada
E a todas as construções do tempo
Que são o conhecimento sobre nós.
A peça de uma engrenagem que se
Solta em tantos momentos para se
Reiniciar na marcha sem regresso,
Em direcção a destinos inumeráveis
E desconhecidos, ocupados pelo apuro
E vazio da cegueira e inércia totais.
Intruso entre a génese de um código
Oculto e a exposição aberta dos sentidos.
Mera efusão de sentimentos que
Escapa por entre colossais muralhas
Omniscientes, e se perde no âmago
Indecifrável do ser etéreo.


P.A.

2 comentários:

Sara disse...

"Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer"

Mia Couto

Rita disse...

" Nos teus e nos meus olhos
correm rios de água
que convergem
para o mesmo mar"

Beijo