domingo, 2 de dezembro de 2007

Prazer de não Fazer




Volto a debruçar-me sobre a folha em branco porque a vontade de escrever infringe o sossego com as coisas. Há muito que não escrevo, parece que vou adiando uma vontade presente de ler o que escreverei como uma espécie de anúncio virtuoso e precedente. Talvez a vontade seja ilimitada e nos conceda a possibilidade de querermos sem querer, de alimentarmos o seu prospecto só em si actual. É penoso viver no plano da vontade, esperar a obra, percorre-la, conclui-la entre as direcções que irá despertar. Viver no plano da vontade é criar uma segunda obra antes que a actual venha a ser criada. Há quem anseie a vida toda por obrar sem nunca o conseguir, como cães agachados à procura da pedra certa, de olhar submisso e agitado, uma predisposição alicerçada para se ir completando. Mesmo quando a obra surge fica-se na mesma, ninguém sabe como será sentida amanhã, mantém-se a expectativa, agora dos outros, que esperam também a sua própria vontade desvelar-se. A obra existe para esperarmos dela o que quisermos, utilizamo-la num tempo indiscriminado como um lugar sagrado, a visão que dela temos pode ser eterna porque é sempre recriada e insistentemente sua.

O sol vai aquecendo os bancos de jardim no silêncio que vale. É grande a nudez que leva a criar, apagar os blocos de ideias feitas, avisos e considerações, ficando os trapos das impressões em potência, numa vontade uniforme que evolui pelo sangue em sentimentos de fundo compadecidos. Interrompo a escrita mas a vontade não se esgota, vai servindo com prazer de não fazer, é preguiçosa e atenta, tem como tarefa recriar ideias em paralelo com o adquirido. Leio um livro e antes leio-o em mim, nos outros, nas coisas, quando lhe pegar o prazer será a recompensa pela espera alimentada na ideia já feita, sentirei nas suas palavras a pausa que acontece, a descarga contemplativa dos pormenores pensados. Escrevo uma carta e antes escrevo-a pelo prazer esboçado da retenção, escrevê-la-ei amanhã ou depois, enquanto isso vou sustendo a ideia que é sempre uma causa final.
P.A.

2 comentários:

JM disse...

Ninguém diria que há muito tempo não escrevia...mas terá tido prazer em fazê-lo! Eu tive ao ler e a foto está espectacular

Anónimo disse...

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