Cheguei ao café defronte encimado de letras, frisos, luzes e vidros, antigos materiais pensados sobre a consternação das pessoas que entram e saem. O balcão perdura agora mais preso ao chão como tudo aquilo que envelhece, envolve ânimos acabados que ajudaram a viver as horas mortas, intrigas e projectos que resvalaram pela rua até ao largo. As coisas morrem. Vivemo-las num entretenimento cego para dar cor à nossa presença, depois absorvemo-las já misturadas com a próxima intenção. A graça das coisas absorve-se pela graça de outras, o que fica são impressões gerais enroladas numa conversa de café, desabafos firmes entre o medo e o consolo. Alguém dizia que o importante é amar, se for preciso arranca-se um braço ou uma perna, mas não se deixe de amar. Não deixe de dar a mão à razão para onde pendemos numa visão divertida em tempo consumado. As coisas morrem pelo amor que as renova e o amor é uma força dissipada que distende o corpo pelo o excesso dos sentidos. Morre quem ama demais.
Talvez não interesse a metafísica nem outras considerações que não encarnem o nexo material. Talvez seja conveniente desconhecer em que espaço e tempo irão os corpos terminar a vida sinuosa, estirados ao vento, a transferiram qualquer essência na obrigação que acumularam. Ou talvez a metafísica também se ame como uma região para onde o amor se reenvia sem tempo nem explicação, uma causa distante e próxima jogada no acaso de coexistirmos.
A metafísica é… já é tarde. Demorei muito naquilo que não consegui pensar. Vou correr até à praia que é a melhor maneira de pensar sobre o que se ama. Não estava só como quando vulgarmente gasto tempo a não pensar naquilo que me preenche parte da vida. Amar. Sinto-me capaz de absorver num instante todas as reflexões supérfluas que se bafejam com paciência, coisas que morrem pelo excesso do mundo, nunca chegam a desaparecer totalmente porque a sua memória transita para outros espaços inconscientes que emergem pelo gozo de dependermos. Amar. A efemeridade das coisas é o cumprimento da eternidade, que é a deslocação do seu estado provisório em momentos revistos pela síntese da ideia que perdura, aquela que será o sangue que circula pela magia dos corpos, mas que no momento não se sabe.
P.A.
Talvez não interesse a metafísica nem outras considerações que não encarnem o nexo material. Talvez seja conveniente desconhecer em que espaço e tempo irão os corpos terminar a vida sinuosa, estirados ao vento, a transferiram qualquer essência na obrigação que acumularam. Ou talvez a metafísica também se ame como uma região para onde o amor se reenvia sem tempo nem explicação, uma causa distante e próxima jogada no acaso de coexistirmos.
A metafísica é… já é tarde. Demorei muito naquilo que não consegui pensar. Vou correr até à praia que é a melhor maneira de pensar sobre o que se ama. Não estava só como quando vulgarmente gasto tempo a não pensar naquilo que me preenche parte da vida. Amar. Sinto-me capaz de absorver num instante todas as reflexões supérfluas que se bafejam com paciência, coisas que morrem pelo excesso do mundo, nunca chegam a desaparecer totalmente porque a sua memória transita para outros espaços inconscientes que emergem pelo gozo de dependermos. Amar. A efemeridade das coisas é o cumprimento da eternidade, que é a deslocação do seu estado provisório em momentos revistos pela síntese da ideia que perdura, aquela que será o sangue que circula pela magia dos corpos, mas que no momento não se sabe.
P.A.
2 comentários:
Demoro-me em cada frase para lhe sorver todo o sentido e intenção. Pasmo com a intensidade das emoções que provoca! ADOREI. cada vez melhor, continua
Autêntico jogo de palavras profundas cujo sentido não tenho a pretensão de conseguir alcançar, fiquei a reflectir, gostei
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