quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A cidade










Resguarda-te do instante num abraço,
A cidade cresce voraz sem princípio
Nem ermo, um amplo embaraço de tons
Que nos chegam sem prévio aviso,
Esgrimidos no vácuo súbito sem termo,
Impondo outro tempo entristecido.
Isola-te do contínuo temporal sem história
E significado, e olha a sequência das mãos
Sobre o cristal polido da pele, dividida em
Grãos que marcam o momento consumado.
Evade-te do arresto das horas engolidas
Sem sentimento, a cidade são avenidas
Frívolas, carros comprimidos, edifícios
Inconsoláveis, pessoas sós no grande
Pavimento abstracto de vidas esquecidas.
Sai da rede de fluxos infindáveis,
Espalhada passivamente no acervo de rostos
Programados, dormentes introspectivos,
Quase impiedosos, anjos inconsequentes
Que vagueiam por universos paralelos entre
A indiferença e outros ideais furtivos.
Regressa por momentos à fantasia
Dos espaços, à disposição dos afectos,
À timidez do encanto, a um tempo
Adquirido que se possa encontrar,
Porque este é o nosso lugar.




P.A.

1 comentário:

Anónimo disse...

cidade