A globalização surge-me como um processo de encontros e desencontros de poder, que nas suas diversas manifestações sociais, sejam económicas, políticas ou teológicas, esbarram
muitas vezes naquilo que um povo tem de mais essencial, visão do mundo e cultura edificada.
A globalização implica uma ameaça mas também uma oportunidade, se a primeira é real, a segunda só no futuro, por ventura, será conhecida na sua plenitude.
O terrorismo é um fenómeno global e reincidente que advém da ameaça sobre os fundamentos civilizacionais, num espaço e tempo actualizados. Mas serão os actos terroristas a verdadeira ameaça da globalização?
Mais doa que uma ameaça real, são uma ameaça sentida. Paralisam-nos pelo impacto indirecto da brutalidade sem rosto. Contudo, será outra a ameaça, mais global e corrosiva, que julgo invadir-nos os fundamentos do ser e alheá-lo da sua natureza.
Os povos mais desenvolvidos do ponto de vista tecnológico terão criado a sociedade do ter. Somos ou tornámo-nos por aquilo que temos. Alheámo-nos do nosso viver para vivermos naquilo que os outros nos vêem viver pelo ter, em ensaios mais ou menos
cinéfilos e quotidianos.
Os bens materiais circundam-nos facilmente provocando necessidades artificiais que prolongam a nossa insuficiência. Pouco ou nada conhecemos deles senão a sua presença confortável e retribuída que utilizamos decifrada num prazer escoado e mediático.
Habitamos matérias-primas de todos os cantos do mundo, trabalhadas à medida do nosso conforto e compensação. Alheámo-nos da sua origem e das vidas gastas em tempo manufacturado ou programado em máquinas estranhas que só por acaso vemos. O ser não é estável, já não permanece edificado sobre o Bem e o Belo Platónicos, mas antes, aliena-se na distância de não pensar o ter, apropriando-o de modo volátil e sem sentido.
Poderemos perguntar; onde está a ameaça? Será possivelmente uma ameaça ao significado e sentido último da relação com o mundo. Uma ameaça que nos deixa prostrados de copo na mão sob um olhar indiferente. Uma ameaça que ressoa
no afastamento da nossa própria natureza e das coisas. Uma ameaça que impõe que se desmonte e actualize o ter na sua razão de ser.
P.A.
muitas vezes naquilo que um povo tem de mais essencial, visão do mundo e cultura edificada.
A globalização implica uma ameaça mas também uma oportunidade, se a primeira é real, a segunda só no futuro, por ventura, será conhecida na sua plenitude.
O terrorismo é um fenómeno global e reincidente que advém da ameaça sobre os fundamentos civilizacionais, num espaço e tempo actualizados. Mas serão os actos terroristas a verdadeira ameaça da globalização?
Mais doa que uma ameaça real, são uma ameaça sentida. Paralisam-nos pelo impacto indirecto da brutalidade sem rosto. Contudo, será outra a ameaça, mais global e corrosiva, que julgo invadir-nos os fundamentos do ser e alheá-lo da sua natureza.
Os povos mais desenvolvidos do ponto de vista tecnológico terão criado a sociedade do ter. Somos ou tornámo-nos por aquilo que temos. Alheámo-nos do nosso viver para vivermos naquilo que os outros nos vêem viver pelo ter, em ensaios mais ou menos
cinéfilos e quotidianos.
Os bens materiais circundam-nos facilmente provocando necessidades artificiais que prolongam a nossa insuficiência. Pouco ou nada conhecemos deles senão a sua presença confortável e retribuída que utilizamos decifrada num prazer escoado e mediático.
Habitamos matérias-primas de todos os cantos do mundo, trabalhadas à medida do nosso conforto e compensação. Alheámo-nos da sua origem e das vidas gastas em tempo manufacturado ou programado em máquinas estranhas que só por acaso vemos. O ser não é estável, já não permanece edificado sobre o Bem e o Belo Platónicos, mas antes, aliena-se na distância de não pensar o ter, apropriando-o de modo volátil e sem sentido.
Poderemos perguntar; onde está a ameaça? Será possivelmente uma ameaça ao significado e sentido último da relação com o mundo. Uma ameaça que nos deixa prostrados de copo na mão sob um olhar indiferente. Uma ameaça que ressoa
no afastamento da nossa própria natureza e das coisas. Uma ameaça que impõe que se desmonte e actualize o ter na sua razão de ser.
P.A.