O martírio expresso como acto terrorista religioso de matriz islâmica, afronta a compreensão do mundo ocidental sobre as causas e objectivos que aquele dissimula ou projecta. Tanto a compreensão nuclear, na relação directa de adequação do sujeito ao objecto, como a compreensão alargada, recorrente do historial de vivências e conhecimentos acumulados, actualizada pelos mecanismos da memória, se mostram insuficientes para integrarem tal acto.
A crença em Alá, Deus de cuja ideia absoluta por parte dos crentes, não permite interferências humanas para além da expansão da própria ideia, materializa uma visão maniqueísta do mundo, um mundo mau e um mundo bom, da luz e das trevas, do conhecimento e da ignorância, mas também da fé actuante e da fé inerte. A fé actuante, através da Jihâd, impõe-se pela natureza absolutista de Deus e pela sua natureza unificadora da comunidade de crentes e irmãos, assim como dos não crentes ou “infiéis”. Não sendo o martírio, como acto terrorista, exclusivo da religião islâmica, a fé actuante que o inspira, desenvolve-se numa “acção total”, que implica, entre outras coisas, a luta contra os inimigos que obstruem o caminho do Islão. Parece assim diferir da fé cristã que, salvaguardando os casos de fundamentalismo activista, é geralmente relegada para uma devoção pacífica na relação com Deus
Contudo, nem a grande maioria dos crentes no Islão são mártires, nem àqueles que o são parece ser razão suficiente e justificativa, a ideia de uma fé actuante, sendo que, a sua consciência moral e normativa deverá potenciar e levar a cabo tal acto. O estado de desenvolvimento da consciência moral e normativa do mártir, não deverá passar, no que diria Kohlberg, do estado pré-convencional, ou, segundo Piaget, da moral heterónima. Excluindo o facto da anomalia psíquica grave e a sua possível correlação com alguns mártires, para os sujeitos que se situam em tal estádio, as normas e expectativas sociais permanecem exteriores a si próprios, reduzindo-se a um conjunto de regras e valores externos a que se obedece para evitar o castigo ou para satisfazer desejos e interesse concretos, os invés de serem integrados em conformidade com princípios éticos universais, tais como o direita à vida. As sociedades muçulmanas educam pela moral da culpa e do castigo. Em relação ao mártir, a culpa é sempre dos outros, dos não crentes, os quais devem ser castigados. Resta assim a coragem distorcida de fazer explodir o corpo no desvalor pela própria vida e vida dos inocentes.
P.A.
A crença em Alá, Deus de cuja ideia absoluta por parte dos crentes, não permite interferências humanas para além da expansão da própria ideia, materializa uma visão maniqueísta do mundo, um mundo mau e um mundo bom, da luz e das trevas, do conhecimento e da ignorância, mas também da fé actuante e da fé inerte. A fé actuante, através da Jihâd, impõe-se pela natureza absolutista de Deus e pela sua natureza unificadora da comunidade de crentes e irmãos, assim como dos não crentes ou “infiéis”. Não sendo o martírio, como acto terrorista, exclusivo da religião islâmica, a fé actuante que o inspira, desenvolve-se numa “acção total”, que implica, entre outras coisas, a luta contra os inimigos que obstruem o caminho do Islão. Parece assim diferir da fé cristã que, salvaguardando os casos de fundamentalismo activista, é geralmente relegada para uma devoção pacífica na relação com Deus
Contudo, nem a grande maioria dos crentes no Islão são mártires, nem àqueles que o são parece ser razão suficiente e justificativa, a ideia de uma fé actuante, sendo que, a sua consciência moral e normativa deverá potenciar e levar a cabo tal acto. O estado de desenvolvimento da consciência moral e normativa do mártir, não deverá passar, no que diria Kohlberg, do estado pré-convencional, ou, segundo Piaget, da moral heterónima. Excluindo o facto da anomalia psíquica grave e a sua possível correlação com alguns mártires, para os sujeitos que se situam em tal estádio, as normas e expectativas sociais permanecem exteriores a si próprios, reduzindo-se a um conjunto de regras e valores externos a que se obedece para evitar o castigo ou para satisfazer desejos e interesse concretos, os invés de serem integrados em conformidade com princípios éticos universais, tais como o direita à vida. As sociedades muçulmanas educam pela moral da culpa e do castigo. Em relação ao mártir, a culpa é sempre dos outros, dos não crentes, os quais devem ser castigados. Resta assim a coragem distorcida de fazer explodir o corpo no desvalor pela própria vida e vida dos inocentes.
P.A.
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