Esta realidade em quadros tortos
por ruas e esquinas sempre vistas,
é o embalo dos sentidos mortos
no mármore das representações revistas.
Não vejo nem ouço a presença real
que se ergue num céu recortado
de varandas, janelas e um beiral,
muda no conhecimento adiantado.
É a visão do beiral habituada,
debaixo para cima do cárcere ao céu,
o embalo duma realidade quadrada
que em mim jaz como eterno réu.
Se eu ao beiral pudesse subir
e pender meus quadros sem parede,
seria a realidade uma coisa a cair,
mais verdadeira que a visão que não teve.
P.A.
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